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Por que democratas insistem no impeachment se não podem derrubar Trump?

Publicado: janeiro, 2020

Por Ernesto Neves – Atualizado em 22 jan 2020, 18h43 – Publicado em 22 jan 2020, 18h33

A 10 meses para as eleições de 3 de novembro, o Senado americano iniciou nesta semana o julgamento do presidente dos Estados UnidosDonald Trump, por abuso de poder e obstrução do Congresso.

Um questionamento, no entanto, ecoa no país. Para depor o mandatário da Casa Branca é necessário obter dois terços dos votos do senadores, ou seja, 67 votos de um total de 100.

Só que a oposição democrata tem apenas 47 parlamentares. Dessa forma, seria necessário que 20 dos 53 republicanos votassem contra o presidente. Algo absolutamente improvável.

Essa não é a única barreira. O líder da maioria na Casa, o republicano Mitch McConnell, também tem agido partidariamente para minar o processo.

Na última terça (21), primeiro dia do julgamento, McConnell contrariou sua promessa de usar o impeachment de Bill Clinton como referência. E divulgou um roteiro que nada tem a ver com o caso Clinton.

Por que, então, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, e todo seu partido optaram pelo prosseguimento do impeachment?

A pergunta foi feita por VEJA a especialistas nos Estados Unidos.

“As chances de condenação são baixas, mas não são nulas. Novas evidências trazidas pelo processo podem ser tão fortes que serão difíceis de ignorar, mesmo pelos republicanos”, diz John Carey, professor de política americana da Universidade de Dartmouth, em New Hampshire .

Os democratas precisam atrair apenas quatro votos para alcançar uma maioria simples, o que por sua vez lhes permitiria convidar testemunhas adicionais para testemunhar. E há quatro republicanos suficientemente independentes para enfrentar a pressão.

“Mesmo que os senadores republicanos se unam para impedir a apresentação de novas evidências e depois votem para absolver Trump, haverá um preço a pagar por todo o partido: candidatos ao Congresso e ao Senado, além do próprio Trump, em novembro”, afirma Carey.

“Pesquisas mostram que os cidadãos dos EUA estão divididos sobre se Trump deve ser removido do cargo, Mas há um consenso amplo sobre o procedimento no Senado, de que ele deve considerar todas as evidências disponíveis”, diz.

“Forçar os republicanos a realizar um julgamento no qual eles serão vistos como parciais é uma boa estratégia eleitoral da oposição”, completa.

 


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